quarta-feira, 6 de julho de 2011

Tá começando a repercutir.

6/07/2011
Presidente da Ford: "preço alto do carro não é só culpa do imposto"

-- Dirigente diz que se a importação continuar nesse ritmo, em cinco anos começam as demissões.
-- Mas 78% dos carros estrangeiros vendidos no Brasil são trazidos pelas próprias montadoras.

O presidente da Ford Brasil, Marcos de Oliveira, disse que é preciso um acordo com o governo e todas as partes envolvidas no setor automobilístico para resolver o problema do custo da produção de carro no Brasil. Ele admitiu que o alto preço do carro ao consumidor brasileiro não é apenas por culpa do imposto.

"O problema é muito mais amplo" - disse o dirigente ao repórter José Carlos Pontes, da Agência AutoInforme. "Não queremos uma reunião com o governo para reivindicar a redução do imposto. Nem queremos tocar neste assunto. É preciso uma discussão mais ampla, para evitar que daqui a alguns anos haja problemas sérios com a indústria automobilística brasileira".

Segundo Marcos de Oliveira, o Brasil corre o risco de "desindustrialização", isto é: a redução da produção local em consequência do aumento das importações.

O presidente da Ford disse que a concorrência está derrubando os preços, e com isso a rentabilidade das montadoras está diminuindo. E ameaçou: "resta saber até quando vamos aguentar. Se essa situação não for mudada, creio que em cinco anos a indústria vai começar a demitir".

Um estudo feito pela Anfavea, a associação dos fabricantes, mostra que o custo de produção do carro no Brasil é 60% maior do que na China. Foi estabelecido um índice de custo 100 para a China. Para o México esse índice seria 120 e para o Brasil 160.

O curioso é que os maiores importadores de carros no Brasil são as montadoras, notadamente as quatro grandes. Elas são responsáveis por nada menos do que 78% de todos os carros estrangeiros vendidos no País. Os importadores oficiais, reunidos na Abeiva, importaram no semestre 20% do total, carros que, além dos impostos normais, pagam 35% de alíquota de importação; os outros 2% foram trazidos por importadores independentes.

A despeito do alto custo de produção, o Brasil continua recebendo investimentos em novas fábricas.

A Chery faz a cerimônia do lançamento da pedra fundamental da sua fábrica em Jacareí no próximo dia 19. Conforme anunciou o Carsale nesta semana, a Lifan e a importadora brasileira Effa assinaram um acordo para a construção de uma fábrica no Brasil com investimento inicial de US$100 milhões e produção de 10 mil unidades por ano. As duas montadoras já investiram US$ 70 milhões num centro de pesquisa e desenvolvimento, para a criação de um carro pequeno.

Ou os dados do estudo da Anfavea estão errados ou os chineses estão muito mal informados. E vão quebrar a cara. Qual a sua aposta?

Reação

A repercussão da reportagem especial Lucro Brasil foi avassaladora. Foram 700 mil visitas no blog, 2000 comentários, 300 emails, quase a totalidade dos comentários concordando que o carro no Brasil é muito caro e que não há explicação para isso.

As raras vozes discordantes vieram de um instituto que "defende a liberdade de propriedade", e de um colunista, que classificou a reportagem como "crítica fácil".

Fácil - e confortável - é reproduzir o discurso da indústria, que culpa o imposto por todas as mazelas do setor.

Difícil é explicar, como tentamos, de onde vem essa grande margem que faz o carro brasileiro ser o mais carro do mundo.

Joel Leite
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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Reportagem Jornal da Globo

O caso dos carros no Brasil tem gerado bastante repercussão. No Facebook, um grupo já se organiza de forma a protestar contra os preços altos de veículos no Brasil (http://www.facebook.com/lucrobrasil), quase toda semana encontro uma reportagem sobre o assunto. Segue esta agora do Jornal da Globo.



sexta-feira, 1 de julho de 2011

17 anos de plano Real

Em 17 anos, tivemos índices de inflação que podem ser considerados normais. Pra quem não se lembra no início dos anos 90 esse era o índice de três, ou até mesmo dois meses. O que me chama a atenção foi o incremento dos preços no segmento telecomunicações. Esperava que com a competição advinda da privatização esses preços fossem sentir menos o efeito dos reajustes. O grande problema na verdade seja o resquício da doença inflacionária nas nossas mentes que é a tendência de querer sempre reajustes, sejam anuais, semestrais, baseados na inflação passada, quando em outros lugares do mundo isso não ocorre.




Plano Real - 17 ANOS


Inflação oficial soma 286,63% em quase duas décadas de Plano Real


Vendida a R$ 67,40 em julho de 1994 na capital paulista, a cesta básica hoje sai por R$ 272,98. Há 17 anos, consumir 1 quilo (kg) de pão custava R$ 2,02 no Rio de Janeiro. Atualmente, a mesma quantidade sai por R$ 7,03. De R$ 0,43, também em julho de 1994, 1 kg de tomate saltou para R$ 2,26 em Recife. A moeda que nasceu para estabilizar a economia também sente o peso de inflação.

Desde o lançamento do real até esta sexta-feira (1º), quando o plano econômico que leva o mesmo nome completa 17 anos, a inflação acumulada é de 286,63%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial. Pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta nos preços foi ainda maior: 403,49%.

Longe de representar hiperinflação, quando os índices chegaram a atingir 80% ao mês até superarem os 1.000% anuais no início da década de 90, a inflação acumulada nos últimos 17 anos é muito mais reflexo de oscilações momentâneas do que resultado da perda de poder de compra do dinheiro. Isso porque as perdas ao longo dos anos foram, na maioria das vezes, compensadas com aumento nos salários.

Essas reposições beneficiaram as classes mais baixas. O salário mínimo, que era R$ 64,79 em julho de 2004, hoje está em R$ 545. Para 2012, dependendo do índice da inflação deste ano, o valor do mínimo pode chegar a R$ 620. Em termos reais, descontada a inflação, os ganhos somaram 67%, segundo o IGP-M.

Apesar dos choques internacionais de preços nos últimos dois anos, as estatísticas mostram que a inflação para os alimentos está abaixo da média. De acordo com o IPCA, os preços do grupo alimentação e bebidas subiram 243,79% desde julho de 1994. Os vilões do Plano Real foram os preços administrados, como tarifas de telefones e de energia, que subiram acima da inflação média ao longo do Plano Real.

No grupo comunicação, o reajuste acumulado em 17 anos chega a 700,70%, o que representa preços quase oito vezes mais altos. O preço dos combustíveis domésticos, como gás de cozinha, saltou 790,36%.

Fonte: Agência Brasil